Oleada, Performance, Naná Blue, Brasil, 2019
Criação, Concepção e Performance | Naná Blue
Fotografias | Silas de Paula
Audiovisual | Valentino Kmentt
Produção, Pintura Corporal e Audiovisual | Lívia Silva
Apoio | Centro Cultural Belchior
Agradecimentos | Lenildo Gomes e Diana Medina
Oleada é uma performance que surge no contexto da contaminação da costa do Nordeste Brasileiro pelo petróleo derramado por um acidente que, aparentemente, não deixou rastros de seus causadores e que não foi devidamente combatido pelas autoridades federais responsáveis na época, em setembro de 2019. Somaram mais de 200 praias invadidas, impregnadas pelo óleo e ainda hoje não se sabe as reais consequências desse desastre ambiental de larga escala sem precedentes na história do país.
Acidentes como este não são raros em todo o mundo. As águas planetárias seguem necessitando de nosso olhar mais cuidadoso e atitudes mais responsáveis em relação a elas. Como seres humanos deveríamos agradecê-las por nos proporcionarem a vida. A questão ambiental é cada vez mais relevante em nosso cotidiano e ganha corpo a cada dia. Depende de cada um de nós participarmos das transformações necessárias para a continuidade da vida humana na Terra.
Na Praia de Iracema, em Fortaleza-Ce, em setembro de 2019, com o corpo oleado, a performer brota das pedras em uma dança minimalista recolhendo o lixo plástico dentre elas. Em seguida, entrega o lixo recolhido à umas pessoas lhes pedindo que o encaminhe à uma lixeira. Caminha sobre as ondas e então entra no mar. Boia como uma mancha de óleo humana.
‘Um grito do mar, empresto meu corpo a serviço dos seres do mar, eu como parte dele, para trazer à tona essa questão, para que não sejam mais negligenciados os mares, os rios e os oceanos. Um ritual espiritual. Uma relação direta e consciente com a Natureza. Uma homenagem à Iemanjá. Um pedido de perdão ao mar e a todos os seus seres. Um curvar-se diante de sua magnitude. Uma conexão. Um abraço. Um laço. Sentido de comunhão. Corpo-Mar.’
Nossos mares e oceanos são umas das riquezas mais preciosas do nosso planeta. Da água advém toda vida. É o nosso ouro azul. Cuidar-lhes é nosso destino e sobrevivência. Pensar novas formas de estar no mundo sem sugar nossas águas nos levará ao futuro.
*A performance Oleada foi realizada em 2019 em Fortaleza, com base de produção no Centro Cultural Belchior, e rendeu desdobramentos estéticos, tais como fotoperformances, videoartes e mail art. Oleada foi contemplada no Edital de Seleção e Aquisição de Obras de Arte de Interesse Público (Lei Aldir Blanc) da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará – Seculte-CE, em 2020, e forma parte do acervo da nova Pinacoteca do Estado do Ceará no Complexo Cultural Estação das Artes Belchior com duas obras. Em 2021, Oleada foi convidada à participar da Mostra de Vídeo e Fotoperformances Somos Natureza, do Balcony Festival, em Buenos Aires, Argentina, pela curadora Anita Araújo, com a projeção de vinte fotoperformances nos prédios da capital argentina. Em 2021, Oleada foi contemplada com três fotoperformances no Edital do Festival Duas para formar parte da Expo Contemporânea ao lado de outras dez artistas.
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Artista multimídia e pesquisadora. Mestra em Investigación en Arte y Creación pela Facultad de Bellas Artes da Universidad Complutense de Madrid UCM, ES (2014). Bacharel em Comunicação Social pela Universidade de Fortaleza UNIFOR, BR (2006) com Intercâmbio Universitário na Facultad de Bellas Artes da Universidad de Salamanca USAL, ES (2004). Bolsista como Pesquisadora em Crítica de Arte do Programa de Pesquisa em Artes Visuais da Secretaria de Cultura de Fortaleza SecultFor, BR (2012). Entre 2012 e 2017 viveu entre o Brasil e a Espanha, atuando nas cenas artísticas e acadêmicas de ambos países. Atualmente vive em São Paulo-SP, BR.