Seis meses após seu lançamento, a revista HIPOCAMPO chega finalmente à sua segunda edição! Desta vez, caro leitor, o passeio terá como guias Ana Luisa Lima, Antonio Sobral, Duane Bahia Benatti, Lucila Vilela, Maíra Endo, Maíra Freitas, Marcelo Beso Veronese, Marina Pinheiro, Natasha Marzliak, Paula Borghi e Tiago Judas.
Durante os últimos meses, nosso acervo foi engordando aos pouquinhos e as pontes entre os conteúdos agora possibilitam um caminhar mais suave porém riquíssimo em nuances e ruídos. Seguimos com a proposta de projeto de arte que reúne, a cada edição, conteúdos em linguagens e formatos diversos produzidos por colaboradores que pesquisam e atuam em diferentes campos do conhecimento, sem perder de vista o desejo de levar ao leitor arte e cultura produzida por artistas, pesquisadores, educadores, curadores, dentre outros.
Nesta edição, a palavra ganha potência nas publicações de Tiago Judas, Antonio Sobral e Marcelo Beso Veronese. Tiago abre esta segunda edição com um sketchbook fabuloso, Caracol, recheado de desenhos sensacionais! Humor ácido e visão crítica que ataca a sociedade e ressalta as limitações e fragilidades do ser humano alucinadamente.
Vitrais é como uma imensa colcha de retalhos. Entre relatos, reflexões e divagações, Antonio Sobral delineia um trajeto tortuoso pelos pensamentos e memórias de alguém. A voz do poema, ora olha pra dentro, como quem sente, ora pra fora, como quem senta e observa: visitas à infância, a presença do pai, o corpo, o sexo, encontros com a natureza, a contemplação de paisagens, o tempo.
Marcelo Beso Veronese apresenta a ecologia da linguagem desde os pontos de vista de Giulio Ferroni e Roberto Piva. Também publica os dois poemas finais de seu livro Nojo (Editora Urutau, 2016), NADA e Gladiador, como forma de homenagear os dois autores. Traz ali a sua ecologia da linguagem.
Lucila Vilela fala do filme Boi Neon e de como Gabriel Mascaro constrói um ambiente de liberdade, onde os personagens vivem dia após dia, na lida com o que a vida lhes apresenta, sem amarras, sem limites. Nas palavras do próprio Gabriel, “dilatação de possibilidades”. Lucila destaca também a carga erótica do filme e a forma como são aproximados os gêneros, quase como se eles não existissem.
Maíra Freitas analisa finamente o curta-metragem Film de Alan Schneider e Samuel Beckett, de 1965. No artigo, Maíra fala das características e discursos extremamente relevantes para o estudo do fenómeno cinematográfico presentes em Film, único filme de Beckett e um verdadeiro tratado sobre a representação.
Natasha Marzliak publica a segunda parte de sua tese de mestrado, entitulada Hélio Oiticica, Quase-cinemas e as relações com a videoinstalação contemporânea. A pesquisa analisa os quase-cinemas – propostas ambientais/fílmicas de Hélio Oiticica produzidas na década de 1970 – e discute as possibilidades dialógicas dessas experiências com os conceitos e algumas práticas de videoinstalação.
Ana Luisa Lima mostra como vê o percurso da obra de arte desde seu processo de criação, passando por sua efetiva produção e chegando ao público, os diferentes contextos, as camadas que lhe são conferidas. Fala de experiência estética, fruição, mediação. E fala de Bruno Kurru e sua “arte que vibra e desperta inquietações incapazes de se resolverem”.
“O Triunfo de Olympia”, de Paula Borghi, apresenta a exposição “Jogos do Sul” – realizada em 2016 no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica – e sua busca por resgatar a atenção sobre a autodeterminação do esporte e seus momentos sublimes, valores que já há algum tempo servem de máscara para o que de fato são os Jogos Olímpicos.
Marina Pinheiro analisa como o turismo cultural, uma possível estratégia de gestão, afeta a identidade dos museus e os processos da cadeia museológica. Fala da transformação do museu ao longo do tempo, de suas atribuições e perfis, da nova geração, da abertura ao turismo cultural e dos desafios e riscos implicados.
Duane Bahia Benatti estréia sua coluna que trará relatos de suas experiências enquanto vive em Leipzig, Alemanha. Nesta edição, Duane visita a Bauhaus – faculdade de arte e arquitetura mais influente, radical e experimental do século XX – em excursão organizada pela Universidade Burg Giebichenstein para estudantes internacionais, no mesmo dia de aniversario de um de seus prédios.
Fechando a segunda edição da HIPOCAMPO, publico minha pesquisa (ainda em progresso) que tem como resultado um Mapa dos Meios Independentes para a Arte (MMIA). Ele traz a localização, website e pequeno descritivo dos meios independentes para a arte, em escala global.
Bom passeio!
Maíra Endo
Idealizadora e mediadora da HIPOCAMPO