Degelo é uma performance audiovisual sobre o aquecimento global, executada a partir de um instrumento criado pelo artista Henrique Roscoe. A performance trata da forma desordenada que o ser humano tem tratado o planeta e o seu consequente resultado – o derretimento das calotas polares, causando uma modificação completa de todos os ecossistemas da terra. Durante aproximadamente 30 minutos, a apresentação intercala momentos de tensão com outros onde uma aparente calma é apenas um suspiro antes que novas fraturas voltem a acontecer.
Este processo é mostrado através de sons e imagens em uma narrativa que começa com a situação natural, onde as geleiras ocupam seu espaço nos pólos do planeta, e vai até o seu completo derretimento. Este processo se dá de uma forma trágica e intensa, demonstrado pelos ruídos sonoros e pelas imagens que simbolizam o movimento dos blocos se soltando e desintegrando, até restarem apenas escombros.
A performance é executada a partir de um instrumento criado pelo artista, que consiste em um bloco de isopor com 2 microfones embutidos. O som captado é modulado por efeitos e gera padrões rítmicos intensos que transmitem a ideia de tensão, que permeia toda a apresentação. O instrumento é tocado arrancando-se partes dele até que sobrem apenas pequenos pedaços. Uma câmera capta os movimentos das mãos tirando pedaços da chapa de isopor, e uma programação faz uma mistura de trechos curtos gravados ao longo da performance, fazendo parecer que a mão que toca o instrumento na verdade está tirando pedaços das geleiras reais.
* O vídeo exibido na mostra #12 do acervo HIPOCAMPO é um registro de duas versões da performance audiovisual Degelo: a primeira realizada em 2015 no conservatório da UFMG em Belo Horizonte; e a segunda realizada em São Paulo, no Atelier Paulista, em 2018. Na versão 1 foram usadas imagens e sons de geleiras extraídas da internet. Em 2018 o projeto teve sua programação atualizada, quando as imagens e sons passaram a ser produzidos por um instrumento especial criado pelo artista. Além dos dois locais já citados, Degelo também foi apresentada no SESI Cultura Digital, no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR). O vídeo-registro de Degelo foi exibido na mostra #5 do acervo HIPOCAMPO, em abril de 2019.
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Henrique Roscoe é artista audiovisual, músico e curador. Graduado em Comunicação Social (UFMG) e Engenharia Eletrônica (PUC/MG), Especialista em Design e Cultura (FUMEC) e Mestre em Poéticas Tecnológicas, pela Escola de Belas Artes da UFMG. É professor do curso de Cinema de Animação e Arte Digital da Escola de Belas Artes da UFMG. Desde 2004, explora caminhos da arte generativa e visual music; investigando as relações entre som, imagem e narrativas abstratas simbólicas. Desenvolve instalações interativas, programando em max/msp e vvvv e cria instrumentos e interfaces interativas usando sensores e objetos do cotidiano. Com o projeto HOL apresentou-se no Sónar, FILE, ON_OFF, Live Cinema, Multiplicidade e FAD, no Brasil, e também na Inglaterra (NIME, ICLI, Encounters), Alemanha (Rencontres Internationales, Spektrum), França (Bains Numériques), Polônia (WRO Biennale), Escócia (Sonica), EUA (Gameplay), Grécia (AVAF), Itália (LPM e roBOt), México (Transitiomx), entre outros. Trabalha com curadoria em arte digital, tendo participado de eventos como FAD – Festival de Arte Digital, Visualismo, Festa das Luzes e Festival Marte.