Cimitero Monumentale Verano
para Rino Gaetano
a tarde de outono se perdeu do dia
já no cemitério o aviso
água não potável
a morte são portas trancadas por quem as abriu
a diversidade das árvores mais próximas
a realidade das pedras
gatos desprezando tumbas e ruínas
amanhã nos dirá com outras palavras
o desejo vivido apartado do caminho da lembrança
nem sinal de ausência de vida
neste mundo úmido
o sol pisca pro meu olho
todos os pássaros parecem migrar para lá
*Poema inédito, escrito em 2014, ali mesmo no Monumental Cemitério Verano de Roma, em um dia de outono, depois de uma visita ao túmulo do eterno Rino.
**Imagem de Giovana Mastromauro.
Beso (Marcelo Antonio Milaré Veronese) é Doutor (2015) e Mestre (2009) em Teoria e História Literária pelo IEL-UNICAMP (com especialização em La Sapienza Università di Roma), com estudos sobre a poesia de Roberto Piva. Faz parte de dois coletivos poéticos de São Paulo: Cooperifa e Sarau do Binho. Publicou três livros de poesia: Juventude Supersônica (2008, Do Autor), Almas Elétricas (2010, Editacuja Editora) e Nojo (2016, Editora Urutau).